segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Porque não votar no Russomanno

Eu não faço propaganda política, muito menos partidária. Mas eu me sinto responsável por essa cidadezinha infeliz. Me assusta ver o RUSSOMANNO à frente de todas as pesquisas, e crescendo. Por isso, eu resolvi juntar uns dados poucos, sobre porque não votar nesse pulha.


1995 ~ 2007: propostas de lei para que parlamentares possam portar armas e mudar o crime de estupro para crime de "assalto sexual".  Na contramão do universo. Dispensa comentários.
2007: investigado por três inquéritos no STF, por agressão física, crime eleitoral e peculato. Nessa nota, ele argumenta. Esses argumentos lindos de viver.
2008: processado por falsidade ideológica. Ele deu um jeitinho pra poder concorrer à prefeitura de Santo André.
2008: acusado de desvio de dinheiro público, desde 1997. Mas ele tem imunidade parlamentar, gente. Coitado.
2010: tenta manipular o texto do projeto Ficha Limpa. Ele propôs que se tirasse o tempo de exclusão do mandato.
2010: alegou que as boas obras do Maluf são inegáveis. "Rouba mas faz". Que ano é hoje, gente?
2010: repassou doação de 1 bilhão pra ONG que preside. É uma ONG de defesa ao consumidor, pra pegar trouxa.
2011: juntou os trapos com a Igreja Universal de Edir Macedo como apoio político. Pra quem não lembra, o Brasil é um estado laico. Apelou pra Deus, perdeu a razão.   
2012: o vice do candidato a prefeito tem o maior patrimônio. Gente como a gente, né. Vai governar pro povo.
2012: usou lei de 68 pra sustentar proposta. Citou a ditadura, beibe, perdeu a razão.
Foi uma pesquisa por cima, enquanto via o debate; possivelmente tem mais sujeira que não apareceu, assim, de graça. Não vou com a cara dele, nem nunca fui. Ele tenta surfar pelos temas e adversários, tem um discurso de bonzinho, mas fede, e fede longe.
Não tenho candidato em SP, não acho que esteja fácil. Mas bom senso e canja não faz mal a ninguém. 

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Estupro, culpa e reencontro.

Como a Lola sempre diz, toda mulher tem uma história de horror pra contar. Odeio essas máximas de "todo mundo" ou "ninguém". Mas quanto mais converso com amigas, conhecidas, colegas, mais eu percebo o quanto isso é real. Estupros, abuso quando crianças, espancamento por sermos mulheres, sermos frágeis, sermos boas de bater e de cuspir.
A minha história começou em 2010, de férias em Porto Alegre. Era Fórum Social, as pessoas eram lindas e eu saí com um cara que tinha acabado de conhecer. No motel, depois de algum tempo, ele resolveu me "enforcar", eu disse que não e ele não parou. Eu não sabia o que fazer. Afinal, era um desconhecido. Tinha medo de me mexer, gritar, fazer qualquer coisa e ele me matar. Mas ele não me matou (e como me disse depois, achou que eu estava me divertindo, mesmo quando eu dizia "para" e chorava, porque eu parecia gostar de sexo violento). Nesse dia eu tive a frieza e a calma de levantar, tomar um banho e voltar para onde eu estava hospedada sem dizer nada. 
Eu ruminei as ideias e concluí que a culpa era minha: eu saí com um estranho porque eu quis. Entrei no motel porque quis. Não gritei nem peguei o telefone porque não quis. Eu gosto de sexo bruto. Ele estava usando camisinha. A culpa era minha, e, afinal nada tinha acontecido. Pelos meses seguintes eu ignorei a história, até que não podia mais transar no claro porque eu chorava todas as vezes. Em silêncio, quieta e sozinha. Até que um amigo percebeu e, seis meses depois eu contei pra alguém. Um ano depois, eu contei para meu analista. E nenhum dos dois conseguiu me fazer sentir melhor. 
Pouco mais de um ano depois desse dia, nos reencontramos na rua. Meus joelhos viraram manteiga, eu comecei a chorar e não fosse estar com uma amiga que conhecia a figura, eu teria ficado ali, a mercê dele, sem forças, indefesa. Até que numa das postagens da Lola, ela escrevia sobre estupro. Como isso acontece entre conhecidos num motel e não num beco escuro, como as mulheres se sentem culpadas, como a mídia nos ensina a não ser estupradas. E desde então eu venho tentando lidar com isso. Parece pouco, parece bobagem, mas é como se qualquer coisa dentro de mim tivesse ficado quebrada para sempre. Um situação na qual eu nunca serei protagonista. Eu nunca vou me perdoar por ter ficado quieta, por não ter denunciado o cara, por não fazer nada.
Por que eu estou escrevendo tudo isso tanto tempo depois: semana passada, nos encontramos na rua. Eu ainda tenho medo, ainda não sei agir, mas não chorei. Eu fingi que não sabia quem ele era e mantive distância, mesmo ele puxando assunto e tocando em mim. Foi tudo que eu pude fazer. Voltei pra casa pensando em denunciá-lo. Mas qual o argumento? A lei não está do lado das vítimas, em geral. Eu só me constrangeria na frente de um delegado que tem coisas muito mais brutais e emergenciais pra resolver. Essa história já foi. Sobra a cicatriz em mim, como sobra em todas as mulheres que sofrem uma brutalidade. Sobra medo, sobra insegurança, sobra um monte de coisas ruins. Não lembro mais disso todos os dias, não tenho mais medo de sexo, mas não posso simplesmente esquecer.
Escrevo isso porque é uma redenção. Aconteceu, não é segredo. Eu não preciso esconder, nem ter vergonha. Quem sabe um dia eu não tenha mais medo. Quem sabe como a Lola me salvou de um limbo, eu possa ajudar alguma menina a se olhar no espelho sem se sentir suja.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Amor #1

Hoje eu fiquei um tempão escrevendo um texto sobre amor pra esse blog. Demorou, porque escrevo sobre amores no de côr. Que difícil escrever racionalmente sobre um assunto tão esquivo. E no fim, não afinei, não deu certo, não saiu. Sem querer, achei o texto que um amigo escreveu numa discussão de Facebook sobre a Massa Crítica de Porto Alegre fazer parte ou não de uma ação anti fascista, muito mais do que eu podia querer dizer. Dessa vez, o chá não é meu nem da Lu. E segue.

Trágico e ainda assim divertido - ciclistas moderados decidindo o que massa crítica é e o que ela não deve ser: com base na sua própria autoridade e em no slogan fofucho "mais amor, menos motor" sobre a não oposição a nazistas!? 
Não estranhem a minha reação - sou orgulhosamente um anarquista. Somos poucos e estamos a séculos lutando contra opressões, em favor de liberdades e direitos que hoje vocês moderados/conservadores da classe média desfrutam sem nem sequer ter noção de onde vêm.
Para mim amor é muito mais que essa palavra impessoal de vocês, colocada nesse slogan criado para sensibilizar motoristas - num tom de "por favor, somos bonitinhos, nos deixe participar de seu transito". Esse amor moderado, sensibilizante, condicionado, impessoal e conivente nunca deixa de me violentar.
Me violenta porque entendo que amor é para quem se coloca em relação de igual para igual com quem se ama. Amor para libertários por princípio uma relação libertadora, simétrica, incondicional, ativa e sempre pessoal.
Vocês que têm amor pela "pax", porque ela é conveniente, não os violenta, quando não estão em cima de uma bicicleta, quando deixam de ser uma minoria. Vocês que têm amor pelas leis, que não só aceitam mas batem palmas para a existência de mais policiais ciclistas, se acreditam civilizados e progressistas, negociam com aparatos repressores, querem uma cidade mais limpa, uma máquina de triturar vidas mais humanizada.
Existem motores dentro de vocês - e para nós libertários, vocês parecem mesmo autômatos desse amor pequeno que aceita passivamente a violência das muitas hierarquias - e esses motores nunca param de funcionar. Estão rodando agora mesmo nessa atitude policialesca que questiona só o que convém questionar, da segurança de suas casas.



Esse amor profundo, lindo, intenso, político. Obrigada, Gus, de verdade.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Onde você guarda o seu preconceito?

Sempre me surpreendo com o resultado de uma "brincadeira" que costumo fazer. Use de cobaia um grupo de desavisados. Tudo o que você precisa fazer são duas perguntas: "quem se acha preconceituoso" e "quem conhece alguém preconceituoso". Não importa quem sejam as cobaias, o resultado é espantosamente similar todas as vezes: quase ninguém se considera preconceituoso, mas todos (e aí sem exceção) conhecem um preconceituoso. Disso, o Instituto Lua de Pesquisas deduz que: a) só tem pessoas maravilhosas ao meu redor ou b) falta a gente enxergar os nossos próprios preconceitos. Levando em consideração a hipótese b, pensemos sobre isso.
Fazia um tempo que eu estava querendo escrever esse post, mas eu achei que ia chover no molhado, porque já fiz um enorme texto sobre gordos. Mas é incrível como tem assunto para preconceito. Esses dias, eu estava passeando pelo Facebook e percebi que tem mais um meme chato rolando. "Te sento a vara moleque baitola". Fora o preconceito óbvio de que todos os gays (ou todos os que "parecem" gays, afinal gays são todos iguais) merecem levar vara, demonstração de poder pelo ser dominante da sociedade, o homem másculo, chucro, varão, contra a sua vontade alô, estupro corretivo!, tem o preconceito que é muito mais comum, muito mais corrente e muito mais "inofensivo": todo emo, colorido, modernete é baitola e não merece nenhum respeito, tá aí pra ser espezinhado mesmo. Quem nunca trollou um emo, que atire a primeira calça colorida. Mas pegar no pé de meme é bobagem, é só diversão, ai, tem que ver maldade em tudo.
Para nossa completa satisfação, não precisa ser homofóbico. E é feio, tá na moda e dá cadeia. Podemos recorrer a um clássico brasileiro, a loira burra. Toda loira é burra e nós sabemos disso desde pequenininhos. Afinal, a Carla Perez disse que é com "i, de iscola", prova irrefutável de que toda loira é burra. E não é por maldade, mas é comum ouvir um TINHA QUE SER LOIRA. E é aqui eu pego no pé: homem loiro é burro? Não. Então o que a gente tem pra analisar aí não é só um preconceito contra as loiras, mas contra as mulheres no geral. Nessa simpática análise da mulher loira, ela tem nome científico: Loirus burrus. Ela é tão burra, mas tão burra que nem é da mesma espécie desse infeliz cartunista. E ele ainda explica, é que a "expressão apavalhada é natural da espécie". Fora isso, ela é frívola, passa a maior parte do tempo cuidando do cabelo, mede-se o valor de uma loira pelo tamanho de suas próteses de silicone. Suas pernas são tortas porque ela transa demais (como todo objeto que se desgasta pelo uso).
De todas as críticas que se pode fazer ao padrão "loira burra", que sim, a Carla Perez ajudou a criar, nenhuma delas é consistente. Não se leva em consideração que a mulher foi coisificada, virou produto e vende, como vende. Que a dança da bundinha erotizou crianças inconscientemente. Que as letras tratam sexo como um privilégio do homem que a mulher tem que satisfazer. E tem tudo isso, na mesma loira burra que não sabe soletrar.
E só mais um exemplo clássico da internet, que é coisa de pobre. A primeira coisa é: não economize. Juntar o sabonete velho com o novo? AFF, COISA DE POBRE. Não se pode economizar nada, o melhor de não ser pobre é poder esbanjar muito. E não se dá pra confiar muito em pobre, que acaba roubando a tv a cabo do vizinho. Ricos pagam pela sua televisão, que os pobres não tem direito. Ao invés de se questionar o porque o poder de compra é que faz o pobre motivo de chacota, simplesmente se associa a pobreza a mau caráter, falta de bom gosto (afinal, Orkut é feio, está fora de moda, lixo virtual). Afinal, o que de melhor temos, o que nos separa dos animais (menos das loiras) é que consumimos. E quem nunca?

Tudo isso para dizer que a brincadeira lá em cima está certa. Ninguém é preconceituoso, porque esse é o jeito com que ele se mantém. É mais fácil espalhar o preconceito inocentemente, pelas piadas do que incitando o ódio. Preconceito se desfaz tomando consciência dele. Não é fácil. Nós somos criados numa sopinha preconceituosa. Nadar pra fora disso e respirar geralmente dói. Te faz uma pessoa chata que implica com as postagens do Facebook e não sabe rir de nada.
Mas, como toda motivação política, ninguém disse que ia ser divertido.

E os meus preconceitos? É, eles seguem aqui. Eu tento me desfazer deles, nem sempre consigo. Tomar consciência já tem me satisfeito, afinal... Eu tenho um amigo preconceituoso, mas eu não.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

E o bullying?


O Chá da vez (gelado, por favor), retoma idéias anteriores.
Quis falar de algo que eu sofri, sofro e sofrerei, já que um dia decidi que ser diferente é normal.


Da Wikipedia:
"é um termo utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo (do inglês bully, tiranete ou valentão) ou grupo de indivíduos causando dor e angústia, sendo executadas dentro de uma relação desigual de poder. (...) As pessoas são simultaneamente vítimas e agressoras de bullying, ou seja, em determinados momentos cometem agressões."


Na utopia das minhas idéias, um mundo sem "bullying" permite que crianças, adolescentes e adultos vivam fora de sua zona de conforto.
Nesse mesmo mundo não existe nenhuma conduta de comportamento, e se tu quiser ser punk, rockeiro, pagodeiro ou emo, a escolha é tua. E se tu quiser usar um vestido rosa justo e curto na faculdade ou roupas pretas, compridas e largas na escola, todos vão respeitar isso.
Seria um lugar onde a diferença seria vista com interesse, novas idéias seriam bem-vindas e o estranho seria ser igual. Afinal, cada um é um, qual a necessidade imitar o outro?
Não haveria medo de ser quem tu é. Nem de demonstrar isso.
Num mundo sem bullyng, uma criança teria aquele desafio de sair do óbvio, liberdade para desenvolver-se sem medo (e medo...corta mais fundo que qualquer lâmina), e quanta criatividade não afloraria?
E se nosso sistema não fosse podador, não fosse pensado em blocos, permitisse que a gente pintasse uma árvore de roxo e amarelo, ao invés de verde e marrom?

Então, à todos que dizem "eu sobrevivi ao bullying" ou até "bullying forma caráter"...
Gostaria de saber:
Que parte de ti permaneceu viva?
Qual é esse caráter, se te deixa com medo de agir pelo que é certo, andando pelo caminho fácil que é sempre trilhado por todos?
E você realmente acha que o bullying se resumiu à escola, ou tu nunca mais foi reprimido por ninguém?

Aguardo resposta



segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Arte e arte ao contrário.

Passeando pelo Facebook, achei uma postagem que ensinava a fazer stêncil na rua. Achei massa, curti e me deparei com o seguinte comentário, logo abaixo: "que bom você divulgando formas de depredar o patrimônio público, hein". Em pleno 2012, esse tipo de pensamento me causa duas reações muito distintas. A primeira é que as escolas tem feito um bom trabalho de alienação. Se não está no museu, não é arte; se não é figurativo, não é arte; se não é pago, não é arte; se é objeto de reflexão e não de consumo, não é arte; se é banal e qualquer um pode fazer, não é arte. A segunda é que mundinho particular e moderninho eu vivo, pensando que o mundo todo está apreciando as novas produções e não o que a tv enfia goela abaixo. (sim, eu sou do tipo que acha que a tv forma e deforma o pensamento)
A gente aprendeu que arte é cara, feita por um especialista e que tem um lugar específico - vulgo museu. Bem, se formos levar em consideração o que a arte significava quando começou a ser produzida no Ocidente, lá pelos fins da Idade Média, fronteira com Renascimento e tal (quando pinturas começaram a ser expostas com objetivos estéticos e não religiosos, desde o Império Romano & cia.), isso faz sentido. A arte era produzida para os reis e os nobres, era um artifício da corte para ser retratada, enaltecida e eternizada. Fora isso, tinha a volta à cultura grega - porque essa era A CULTURA e não o que a ralé, o povo, os plebeus pensavam e produziam: isso era pouco, chulo, sem grandeza. Os gregos eram grandes. (quem já ouviu essa história põe o dedo aqui)
Bom, quadro vem, quadro vai, em meados do século XVII a França e a Inglaterra inauguram um novo conceito de espaço, o museu. Lindo, um espaço expositivo. Mas que não era público, tampouco de acesso universal: de novo, só a nobreza tem acesso a eles. O mecenato torna ainda mais difícil a produção cultural: ou você tem um padrinho, ou morre de fome. Adivinha quem recebia incentivo... Claro que essas relações sofrem diversas transformações, mas a arte anda, ela é mais rápida que a pequenez humana. Paris começa a fazer salões internacionais de arte, onde o melhor da produção artística do mundo era exposto, apreciado e - principalmente - comprado. A arte é produto. Pois bem, esse conceito começa a ser grandemente questionado no século XIX, década de 60, quando O bebedor de absinto, de Manet, é recusado no salão e ele propõe uma alternativa ao salão oficial (que acaba recebendo um público muito maior, curioso para ver o que não tinha sido aceito).
Segundo as linhas teóricas que mais me agradam, Manet é o marco do modernismo e desde então a arte vira outra coisa. Não é mais produzida para a nobreza, mas para a burguesia, para as classes médias. O modernismo tira os olhos da corte e volta seus olhos para a vida cotidiana do cidadão comum. O bêbado, a prostituta, a fome, as guerras. Além disso, o advento da fotografia está aí e é mais rápido (e, em breve, mais barato) tirar uma foto que fazer uma pintura que capte a figura humana com exatidão. Ainda assim, o modernismo engloba toda uma produção figurativa que vai até cerca de 1960. Uma série de estilos: pop art, surrealismo, cubismo... Infinitos meios de extrair o além-imagem que a arte tem a oferecer. Tudo isso para dizer que a arte nunca esteve parada. E demora-se para aceitar as novas produções como arte - e algumas, mesmo após anos de reconhecimento da crítica e da academia, não chegam a ser valorizadas pelo público em geral. Mostra um Mondrian ou um Yves Klein numa sala de aula pra você ver. Em geral, espera-se que a arte seja imediata: bater o olho e apreender tudo que está dito. Faz tempo que não. As artes plásticas na modernidade exigem repertório, pesquisa, entender o que está na tela ou na escultura e porque está ali. Como antes a arte se esgota e é preciso expressar mais do que óleo-sobre-tela pode abarcar.
Na pós-modernidade (ou contemporaneidade, depende de quem define) outros suportes são necessários. Porque se restringir a uma arte que pode ser colocada num museu e esquecida às traças? Por que não usar meios etéreos e passageiros para a arte? Video arte, por exemplo. Como em Tango, do Rybczynski (lê-se como Rizinsqui, algo assim), um dos precursores da video montagem. É genial. Ou tratar a arte como conceito? Lichtenstein fez isso, e esse videozinho explicita a profundidade de um quadro "que qualquer criança pode fazer". A galera dos happenings fez isso, arte de impacto e protesto em suportes efêmeros: papel, cartazes, garrafas de coca-cola e outras pequenas atitudes de guerrilha. Vale a pena assistir What's happening? do Antonello Branca. Ainda nos anos 90, a arte já é questionada como produto, como direito autoral, como mercadoria. Warhol já fazia isso, mas ainda assim vale a pena ler A greve da arte, da Baderna.
A arte caminha por lugares incômodos, assustadores, esquisitos. A arte deixou de ser um agrado para ser uma afronta, a tudo. A lógica é questionada em projeções de sombra impossíveis pela Regina Silveira. Para que? Por que? E, por que raios ela não deixa a louça bonitinha, pintada como porcelana chinesa? E esse post nasceu de uma discussão que começou com "pichação". Chega de falar tanto com tão pouca prática. Banksy e OsGemeos, que são o pop do pop, o que todo mundo já viu e o que a crítica reconhece, vão falar por mim. Isso sem citar a enorme massa de desconhecidos, anônimos, silenciosos artistas que estão pelas ruas, produzindo arte gratuita e de qualidade. A arte cheia de funcionalidade: falar o que a vida nos faz calar.


(E bem, pensando sobre meu segundo questionamento... Tá na hora de sair do mundinho. Ou de fazer o mundinho crescer. Basta saber como.)



(foto: via facebook. não achei referência autoral)

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Ganso

Vi isso


E sinceramente?
Apesar do Lula estar com câncer, um bem parecido com o que matou meu pai não faz tanto tempo, fazer esse circo todo é deprimente.
Seguir doença de famoso - seja político, seja ator - é igual novela. Acho que eles podiam passar menos saída de hospital e mais protestos contra o Código Florestal, o "Câncer" da política, problema na educação... Em suma: coisa melhor.
Isso no jornalismo, não querendo falar da emissora.

Ainda.

Atrapalhar a Globo é que nem dar chocolate pra mulher de TPM. Nem sempre é propositado, nem sempre é necessário, nem sempre é o que a guria quer....Mas sempre é digno.
Pode ser minha onda com o "terrorismo poético" (que me fez tirar essa revista aqui, ó:

dos fundos da estante de revistas do Zaffari - rede grande de Super Mercado em Porto Alegre, onde a nata dos moralistas e conservadores faz os "ranchos" mensais - e tapar a frente de todas as Cláudia, Tititi, Atrevida, Men's Health que tinham na estante da frente), mas acho a iniciativa muito válida.
Mostra que a juventude internauta faz mais do que apenas blogar inutilmente (culpada!) e facebookear contra a procrastinação (culpada de novo!), mas se reúne, protesta, questiona e faz o Ganso mais lindo em rede nacional.

Todo meu apoio aos caras, que não só falam mal da rede (pra depois chegar correndo em casa e pegar o fim da novela das 8), mas vão lá e mandam calar a boca. No JN! ♥

Ah...é.... Falando da agressão.

"Agressão Física" nunca é legal, mas empurrão desses eu levo no ônibus todos os dias e nunca quis processar ninguém. Mas levantar a mão contra qualquer global sempre foi pecado. Afinal eles são de porcelana chinesa.
E aí já é coisa que eu prefiro não brincar.


Lua gansando no post alheio
update: Passarinho me contou que andaram causando lá na Abril, aquela linda. E deixaram esse bilhetinho na porta. Valorizo.

É, bebé. Liberdade de imprensa tem mão dupla.