quarta-feira, 20 de junho de 2012

Amor #1

Hoje eu fiquei um tempão escrevendo um texto sobre amor pra esse blog. Demorou, porque escrevo sobre amores no de côr. Que difícil escrever racionalmente sobre um assunto tão esquivo. E no fim, não afinei, não deu certo, não saiu. Sem querer, achei o texto que um amigo escreveu numa discussão de Facebook sobre a Massa Crítica de Porto Alegre fazer parte ou não de uma ação anti fascista, muito mais do que eu podia querer dizer. Dessa vez, o chá não é meu nem da Lu. E segue.

Trágico e ainda assim divertido - ciclistas moderados decidindo o que massa crítica é e o que ela não deve ser: com base na sua própria autoridade e em no slogan fofucho "mais amor, menos motor" sobre a não oposição a nazistas!? 
Não estranhem a minha reação - sou orgulhosamente um anarquista. Somos poucos e estamos a séculos lutando contra opressões, em favor de liberdades e direitos que hoje vocês moderados/conservadores da classe média desfrutam sem nem sequer ter noção de onde vêm.
Para mim amor é muito mais que essa palavra impessoal de vocês, colocada nesse slogan criado para sensibilizar motoristas - num tom de "por favor, somos bonitinhos, nos deixe participar de seu transito". Esse amor moderado, sensibilizante, condicionado, impessoal e conivente nunca deixa de me violentar.
Me violenta porque entendo que amor é para quem se coloca em relação de igual para igual com quem se ama. Amor para libertários por princípio uma relação libertadora, simétrica, incondicional, ativa e sempre pessoal.
Vocês que têm amor pela "pax", porque ela é conveniente, não os violenta, quando não estão em cima de uma bicicleta, quando deixam de ser uma minoria. Vocês que têm amor pelas leis, que não só aceitam mas batem palmas para a existência de mais policiais ciclistas, se acreditam civilizados e progressistas, negociam com aparatos repressores, querem uma cidade mais limpa, uma máquina de triturar vidas mais humanizada.
Existem motores dentro de vocês - e para nós libertários, vocês parecem mesmo autômatos desse amor pequeno que aceita passivamente a violência das muitas hierarquias - e esses motores nunca param de funcionar. Estão rodando agora mesmo nessa atitude policialesca que questiona só o que convém questionar, da segurança de suas casas.



Esse amor profundo, lindo, intenso, político. Obrigada, Gus, de verdade.